... ao desaforo.
Todo mundo que me conhece sabe bem o quanto eu gosto da culinária árabe.
Antigamente gostava da cultura inclusive. Mas, após muitos dissabores que não vem ao caso, serem citados aqui, eu me afastei dessa parte após 10 longos anos.
Somente cultivei alguns poucos conhecidos e poucas amigas. Tenho meus motivos. Inúmeros!
Porém a comida é minha preferida. Inclusive sei fazer vários pratos.
É, sou dessas... prendadas. RÁ!
Sempre que me chamam pra comer, já sabem que entre restaurante italiano, japonês, chinês... eu fico, com o árabe. Acho, já fui em todos os que conheço da cidade. E adorava o Paraíso do Líbano que fechou não sei por que motivo.
Eu e umas amigas nos reunimos pra comer semanalmente e ontem pra minha alegria a culinária escolhida foi a árabe. Por indicação de uma conhecida e tradicional família árabe fomos ao local chamado: ‘Castelo do Líbano’, aqui em Foz.
Chegando lá, haviam uns 4 ou 5 homens sentados na varanda (área externa) do lugar, no qual também funcionam um salão de cabeleireiro e outro estabelecimento (um mercadinho, talvez), esses homens já nos olharam como se fôssemos extraterrestres. E te dizer que estávamos bem vestidas e comportadas como somos.
Quando entramos avistamos um rapaz ao telefone atrás do balcão que ao ouvir o nosso Boa Noite, deu-nos as costas e continuou dizendo: - E, Chu numbra?! (Sim, qual é o número?! – isso mesmo, eu entendo e falo um pouco do idioma deles) como se nem moscas estivessem ali. Aliás, fora nós não havia ninguém no tal restaurante. Estava tudo literalmente, às moscas!
Ok, percebemos o descaso e até rimos da situação comentando:
- Hunmmm, isso não começou bem.
Eis que surge em meio ao salão um serumano’ baixo, cabelo Chanel, com kolene, risonho (percebemos em seguida ser sorriso de deboche) que disse: - Bode falar pra mi!
Nisso eu respondi: - Queremos uma mesa. (coisa que se fala em qualquer local onde se vai pra comer e se recebe como resposta: - Pois não, senhora/Rita pode escolher a que quiser. Ou, ainda: - Temos a mesa nº tal e tal, as outras estão reservadas. Enfim, ouvimos qualquer resposta cordial e nos encaminham pra sentar na devida mesa, não é mesmo?!) Mas, esse cidadão não o fez, com o mesmo sorriso estampado, abriu os braços e nos mostrou todas as mesas do salão (todas vagas, já devíamos ter visto que se não havia ninguém, algum motivo tinha) como quem diz: - As mesas tão todas aí, não tão vendo?!
Novamente achamos engraçado, escolhemos uma e sentamos. Como eu e uma das amigas, somos viciadas em chá, pedimos se serviam e dissemos que gostaríamos de uma chaleira antes mesmo da comida. Nisso ele responde: - Agora? E nós: - Sim, agora. Gostamos de chá antes, durante e depois da comida. E ele: - Quem falô?
Eu: - Quem falou o que? Ele: - Quem falô que assim certo?
Eu ri e pedi que somente trouxesse o chá! Ele saiu, não trouxe o chá e nisso apareceu uma garçonete brasileira. Achei que nos entenderíamos melhor com a moça mas, ao questionarmos sobre o menu, ela não sabia responder nenhuma das três perguntas feitas. E quando insistimos ela disse: - É que não vem brasileiros aqui!
Ao que pedimos então, que o dono voltasse pra nos explicar o funcionamento. Ela respondeu rindo que ele fugiu. (?!) Eis que o moço ressurge e eu questiono: - O que é e qual a diferença de 'sanduíche e prato' de kibe assado?! Como assim sanduíche de kibe'? (explico: kibe assado ‘kibe bassanye’ é feito assado e recheado com carne, como uma torta/bolo, entendem?! E na minha concepção é estranho e nem sabia que existia sanduíche de torta’ =?)
Ao que ele me respondeu: - Sanduíche é sanduíche e prato é prato!
(Nooossa... fiquei impressionada pq, não sabia a diferença... RÁ!)
Ficamos todas trabalhadas no ‘poker face’. E a amiga que recebeu a indicação já foi tratando logo de se desculpar com a gente. Pois, vimos que a coisa do jeito que tava, melhor não ia ficar. Nesse instante a outra amiga (baixinha quando se enfeza, sai de perto) olhou séria pra cara de deboche dele e disse: - Por que o senhor tá nos tratando desse jeito desde que a gente chegou?! É por sermos mulheres? Brasileiras? Ou, o que!? Se vocês não querem atender brasileiros, coloquem uma placa na porta, avisando!
Nesse ponto já estávamos em pé e saindo pra irmos embora.
Ao que o serumano’, saiu em disparada atrás de nós proferindo desaforos. A menina coitada, com medo correu pro carro e a mãe dela também pra defender a filha. Já eu e a outra amiga ficamos pra trás ouvindo o cidadão aos berros:
- Eu sô braselero’. Voceis racista. Bode embora.
Cala boca! Cala boca! Cala boca!
(nos mandou calar a boca ‘n’ vezes e eu nem pra lembrar de falar ‘SACRE BUZEC’/cala boca em árabe, de tão nervosa que fiquei... ódiosss de mim)
Isso tudo aos olhos de ouvidos dos 4 ou, 5 que estavam calmamente sentados na varanda quando chegamos e que assim permaneceram como se nada estivesse acontecendo.
E o tal rapaz nos escoltou até o carro na outra esquina (houve um momento em que pensei que ele agarraria minha amiga pelos cabelos, nessa hora tive medosss); vizinhança toda na janela e tals... tá bom pra vocês?!
E assim sendo, acabamos a noite degustando o famoso ‘macarrão da Trigo & Cia’, anestesiadas com o ocorrido! Confesso que agora, pensarei duas vezes antes de comer uma sfiha, qualquer. Triste!
ABRE PARÊNTESES: Antes que apareçam aqueles extremistas defensores dos direitos humanos, explico (tá ficando chato isso já), quando me refiro à ‘povo’ – eu digo povo malinducado’, sem cultura, desaforado, despreparado para o comércio; podendo este ser povo chinês, japonês, coreano, francês, alemão ou, o escambau... até brasileiro, por que não?! Visto que, não somos os mais polidos, néan?! Afinal de contas EDUCAÇÃO e BOM TRATAMENTO deve haver em qualquer lugar; independente de raça, cor ou credo.
E diante de tudo acredito que culpa deva ser mesmo nossa, por acolhermos e hospedarmos tão bem todos os que aqui chegam!
Por Dani Viana.